10 janeiro 2012

Registro LVIII

A bilha e o desamparo
estão cheios.
Em noite cinzenta
bebo as duas lanças.
Esfrio língua e sentidos
na água fresca
e experimento não existir.
Segura minha mão
para que eu possa esgotar-me nos ocos,
nas tripas do silêncio
e intervalos de esquecimento.
Solta-me, ó Pai,
na estridente correnteza do rio.
Vê-me folha sumindo
depois da ponte.