07 maio 2012

Registro LXVI

Do que é feito o não,
esse fio retesado
até a espuma da boca?
Carne ferrosa na lâmina da tarde
do que tece uma armadilha insone,
de consumação e fogo de Hades,
do corpo do vazio interior das estrelas,
luz delas pelos séculos.
Tudo que contém o nascedouro
de planos abortados,
rota de osso quebrada repentinamente,
das inconsistências de um jardim amputado,
réstia de luminescência da noite.
O não é feito de avesso
fora do círculo descontínuo,
do silêncio do crepúsculo
e seus ocos profundos de tantas urdiduras...
O não é feito daquilo que posso existir
sendo incompleto,
incendiado de farpas
sem registro no deserto.