Tenho desamparos.
Escrevo nos livros que leio
querendo acalentar as palavras que tenho.
Escritas em sumo doloroso,
não saem de mim de outro modo.
Penso em Deus e fujo.
Não quero dizer o que ele já sabe.
Ele me encontrará
onde eu existo mais pobre,
mais desamparado
e me dará mais mil palavras novas
ao primeiro ardor do sol
para que eu recomece a minha lavra.
14 março 2012
11 março 2012
Registro LXII
A gente nasce homem e mulher
para as coisas de homem
e para as coisas de mulher.
Um dia aparecem,
à frente dessas generalidades,
as coisas de ser gente,
o dentro do sumo esborra.
Então a gente não é mais o que nasce.
A gente é o que é.
(A ilustração é um recorte do desenho de Fernando Marinho)
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