18 fevereiro 2013

Registro LXXII


Queria agora era um poema
de cordas esticadas, fibrosas,
vermelho, adornado com flores brancas.
Por urgência de amor.
Queria era um poeminha de luzes
que acendessem uns
sentimentozinhos redondos,
moles, cremosos,
peito de mãe sugando boca de filho.

Era só uma estrofezinha,
dessas de louça branca,
infusão de ervas perfumadas
e colheres de prata.
Um poeminha com letra tremida
só porque veio desprevenido
e inacabado mas completamente
posto na mesa, na massa crua
que vai ser pão assado,
nas migalhas preciosas.

Ah se chegasse esse poema
embrulhado em papel pardo
sobre a mesa redonda
com gosto e cor de Prado florido,
saudade dissipada, paraíso contemplado.
Era um poemacorpo na entranha
enfim, aconchegado.

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